Governo brasileiro busca limite de emissões e proteções indígenas no novo mercado de carbono
Uma vista aérea mostra árvores enquanto o sol nasce na floresta amazônica em Manaus, estado do Amazonas, Brasil, 26 de outubro de 2022. REUTERS/Bruno Kelly/Foto de arquivo adquire direitos de licenciamento
BRASÍLIA (Reuters) - O governo do Brasil busca criar um mercado regulamentado de carbono com limites de emissões para grandes empresas e proteções para comunidades indígenas envolvidas em atividades de compensação de carbono, disse um alto funcionário.
A proposta delineada por Rafael Dubeux, que coordena as ações do plano de "transformação ecológica" do Ministério da Fazenda, representa um dos elementos mais ambiciosos da agenda ambiental de alto perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula fez campanha com a promessa de combater o desmatamento ilegal na floresta amazônica, e a destruição foi reduzida em mais de 40% nos seus primeiros sete meses de mandato. Agora, o seu governo está a voltar a sua atenção para outras fontes de emissões de gases com efeito de estufa.
A legislação que será apresentada ao Congresso este mês estruturaria o novo mercado de carbono em torno de um limite para as empresas que emitem mais de 25.000 toneladas de equivalente de dióxido de carbono anualmente, disse Dubeux em entrevista na tarde de quarta-feira.
O limite atingiria as empresas de petróleo e gás, juntamente com os frigoríficos e os produtores de aço, cimento e alumínio, disse ele, acrescentando que as empresas afetadas representam apenas 0,1% das empresas brasileiras, mas produzem quase metade das emissões.
Depois de aprovada no Congresso, as regulamentações exigiriam dois anos de monitoramento das emissões antes que o limite entrasse em vigor. Nessa altura, as empresas que cortam as emissões mais rapidamente do que o necessário podem gerar créditos para negociar numa bolsa com aquelas que lutam para acompanhar o ritmo.
As empresas também poderiam compensar as suas emissões com créditos gerados com projetos de reflorestamento, disse Dubeux.
Projetos de reflorestamento e conservação no Brasil já oferecem às empresas uma forma de compensar voluntariamente suas emissões. Mas Dubeux disse que a falta de regulamentação criou uma abertura para “cowboys do carbono” irresponsáveis que se aproveitam de alguns participantes.
Por exemplo, alguns promotores abordaram comunidades indígenas com contratos injustos que oferecem pagamentos escassos, disse ele. A legislação proposta estabeleceria critérios para tais acordos, garantindo amplo consenso e termos equitativos para as comunidades indígenas envolvidas.
Lula apresentou o amplo plano de transição verde como peça central de seu terceiro mandato não consecutivo. Como parte do plano, os fundos dos primeiros títulos soberanos sustentáveis do Brasil, programados para este ano, serão alocados principalmente ao Fundo Climático supervisionado pelo banco estatal de desenvolvimento BNDES, afirmou Dubeux.
Ele disse que o plano inclui uma revisão dos incentivos fiscais e novos impostos sobre produtos ecologicamente prejudiciais. O governo também pretende estimular o desenvolvimento regional, incluindo a produção de equipamentos de energia eólica no Nordeste.
Reportagem de Marcela Ayres e Bernardo CaramEdição de Brad Haynes e Devika Syamnath
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Reports on the macro beat, covering economic policy in Brasilia. Bernardo studied journalism at the Pontifical Catholic University of Minas Gerais before completing a specialization in Economics at Fundação Getulio Vargas (FGV) and an MBA in Economic-Financial Information and Capital Markets at Fundação Instituto de Administração (FIA) in Sao Paulo. He previously worked in Brasilia for Folha de S.Paulo, Agencia Estado and the Globo’s G1 website.